A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Leda e o Cisne (de Alma Welt )




Leda e o Cisne, de Paul Prosper Tillier, 1860


Decidi experimentar volúpia nova
E encarnar princesas mitológicas
Acolhendo as entidades pouco lógicas
Em que Zeus transfigurado punha à prova

A doce e embevecida prontidão
Em tê-lo entre as coxas bem no meio
Ou como chuva de ouro no meu seio
Mesmo que ensopasse meu colchão.

Assim comecei pelo meu cisne
Que ganhara de meu pai, enternecida
Por sua beleza branca enaltecida

Em que senti das plumas como seda
Emergir rubro arpão sem que me tisne
As pétalas e encantos, como Leda...


(sem data)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Das tentações (de Alma Welt)

"Deitam sortes à ventura qual se havia de matar.
Logo foi cair a sorte no capitão general."
(Romance da Nau Catarineta)



A superfície do papel em branco
Sempre me convida à aventura
Não numa espécie de colóquio franco
Já que nela “deito sortes à ventura”

Como diziam os antigos navegantes,
Aqueles da Nau Catarineta,
Que viram a tentação um pouco antes
Do capitão saltar essa mureta.

Pois entre o espírito e o papel
Há todo um oceano de tensões
Antes das palavras em tropel.

No perigoso mar desta brancura
Assim também sofro as tentações,
Quando a mente namora sua loucura...

11/08/2006

Nota

Acabo de encontrar este notável soneto na arca da Alma, a meu ver digno de figurar nas melhores antologias do soneto universal, principalmente entre os de teor metafísico, ou os que abordam a própria arte de escrever poesia. (Lucia Welt)