A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reflexão (de Alma Welt)

Quão dúbia é a nossa humanidade,
Mormente no que tange à alegria
Que tanto almeja a eternidade
Quanto dessa rota nos desvia!

Perdida nos meandros do nadir,
Às voltas com um rol de ninharia,
Em nome de hipotético porvir
Como se fim e morte não havia...

O passado, rico em seu resíduo,
E a memória, sua vocação eterna,
São o lastro-ouro do indivíduo,

Mas só a Poesia ainda elucida
O teatro de sombras da caverna
Cujo elenco tememos na saída...

(sem data)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Alma Frankenstein (de Alma Welt)

Que posso eu, vã poeta deste Pampa
Fazer em relação ao triste Mundo,
Que é o lado sombrio que destampa
A caixa de Pandora que é, no fundo?

O Olimpo éramos nós, ou Paraíso,
Num tempo que perdemos por maldade;
O abismo que cavamos, mal juízo
Que fizemos de nossa deidade...

Querer mais... da humanidade a maldição,
Fagulha a nós legada por aquele
Prometeu, de quem somos a metade.

Qual Frankenstein, somos filhos da Razão
Que nos deu a solidão, a mesma dele,
Desterrado de toda sociedade...

16/12/2006

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Nichos e fronteiras (De Alma Welt)

Escrever para um leitor imaginário,
Reverente, disponível, apaixonado,
É a ilusão do poeta em seu contrário:
O ser nele socialmente motivado...

Pois o campo do poeta é a solidão,
Espaço de angústias indizíveis,
De um vago vagar na vastidão
Eivada de sombras e desníveis,

Espectros a se esgueirar furtivos
Que fazem sinais pra que os sigamos
Aos nichos profundos do que amamos,

E a uma outra fronteira perigosa
Onde cessa sua poesia e sua prosa,
Limite da razão e dos motivos...

(sem data)