A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Jornada ( de Alma Welt)

A quem agradecer tanta beleza?
A Deus, ao Cosmo, à Mãe Natura,
Ou ao Tempo que a todos nos matura
Pra ceifar-nos logo, com crueza?

Acabamos de aprender alguma cousa,
E depois de tantos erros e erratas
Estamos aptos a escrever na lousa,
Que afinal será um nome e duas datas.

Mas se a vida foi bem desfrutada
E co’a sabedoria estamos quites
Pelo menos já fruímos a jornada

Que terá sido tão bela de se ver...
E a verdade é a beleza, disse Keats, *
Era tudo o que havia pra saber.

06/11/2006

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Armário (de Alma Welt)

Tanta poesia no mundo a nos cercar!
Quem ousará dizer que tudo é mau?
Haja alma para tanto assimilar
E haja coração pra tanto sal

Da Vida, da Poesia, da Beleza
Que mesmo o próprio homem recriou
Além da que restou por gentileza
De Deus quando ralhando nos deixou

E se retirou pro firmamento
Onde permanece até o momento
De vir suspender nosso castigo

Que é da alma o armário escuro e fero
Onde eu com minha letra mal consigo
Escrever o meu poema enquanto espero...

(sem data)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Quem sou, de onde vim... ( de Alma Welt)

Quão perto estou de entender tudo!
Quem sou, de onde vim, vou para onde...
Acreditem-me, eu creio e não me iludo,
É algo que ao olhar se nos esconde

Mas que mora dentro de nós mesmos;
Algo que está conosco sob um teto,
Que a Poesia co’ele lida em outros termos
Como um culto iniciático e secreto

Em que remexe as vísceras de um bode
Como outrora os gregos e romanos
(que o ser humano procura como pode)...

Bah! Falando em vão de tudo isso,
Chego a conclusão que há muitos anos
Habito um caos secreto e insubmisso...

(sem data)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Metamor (de Alma Welt)

Não mais me importar com ser amada...
Quem me dera chegar a tal momento
E viver em plenitude e alheamento
O Ser do ser, e amar sem sentir nada!

Sim, como se Amor o corpo fosse
No gesto simples de doar e de colher
Como as flores se dão ao nosso ser,
Só muda fragrância, seca ou doce...

Nada de palavras, nem poemas
E muito menos os dúbios sentimentos
Tão cheios de equívocos, esquemas...

Sem coração que quer reter, capturar,
A aura intangível dos momentos
Inefáveis, que podemos só lembrar...

18/09/2006