A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

domingo, 7 de outubro de 2012

Meu Trem (de Alma Welt)


Ainda espero o trem que chegará
Pontualmente embora não sei quando
Trazendo alguém do Reino de Acolá
Onde o vento faz a curva e vem cantando

 Buscar-me, ele vem, na plataforma
Que é esta minha varanda centenária
Onde estar sentada é minha norma
Sempre a tecer a minha teia solitária

E a contar em sonetos minha saga
Que é a da individualidade
Do ser cuja chama não se apaga

E resta para sempre e mais um dia
Na estação, como eu em tenra idade
A esperar o próprio trem que me trazia...

De vida, fastios e domingos (de Alma Welt)


Tenho pudor de ficar enfastiada
Ou de repente ter um certo horror
Desta vida terminar numa maçada
Que é essa de morrer, suprema dor...

Mas é isso que faz de mim humana,
Eu suponho, embora nada saiba
Da razão de ser de uma semana
E o quanto da vida nela caiba.

Mas o fato de ter sempre um domingo
Como para descansar da própria vida
Ou para conferir o nosso bingo

É mais uma evidência do nonsense
Desse viver que tão mais me põe perdida
Quanto mais profundo eu nele pense...