A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Caverna (de Alma Welt)

 
                               A Caverna de Platão - pintura de Maria Tomaselli (200x160cm) 

A Caverna (de Alma Welt)

"Muitas coisas estão claras, afinal.
Viver não chega a ser finalidade
E por isso esse conflito universal
Entre o coletivo e a unidade... "

A quê mesmo te referes, criatura?
Então não vês que não te cabe nem julgar,
E se a obra humana pouco dura
Logo o golem vai o Oleiro criticar?

Continuas desde sempre às cegas,
Tateando pelo meio da caverna
Só para ver se a tua sombra pegas...

Sê humilde, se puderes, por enquanto.
Báh! evites o conflito e a baderna
E escolhe pra morrer, aí, um canto...

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Notas
* logo o golem vai o Oleiro criticar?- Alma faz referência à célebre lenda judaica do Golen: Um rabino querendo imitar Deus cria uma figura de barro e por artes alquímicas confere-lhe vida, criando uma criatura grotesca viva, mas de barro, um monstro...
Com este verso Alma quer dizer que nós humanos somos o golen de Deus, o Supremo Oleiro, e bonecos imperfeitos ousamos criticá-lo...

* tateando pelo meio da caverna - Alma alude ao famoso Mito da Caverna, de Platão, alegoria da condição humana predileta dos psicanalistas...