"Deitam sortes à ventura qual se havia de matar.
Logo foi cair a sorte no capitão general."
(Romance da Nau Catarineta)
A superfície do papel em branco
Sempre me convida à aventura
Não numa espécie de colóquio franco
Já que nela “deito sortes à ventura”
Como diziam os antigos navegantes,
Aqueles da Nau Catarineta,
Que viram a tentação um pouco antes
Do capitão saltar essa mureta.
Pois entre o espírito e o papel
Há todo um oceano de tensões
Antes das palavras em tropel.
No perigoso mar desta brancura
Assim também sofro as tentações,
Quando a mente namora sua loucura...
11/08/2006
Nota
Acabo de encontrar este notável soneto na arca da Alma, a meu ver digno de figurar nas melhores antologias do soneto universal, principalmente entre os de teor metafísico, ou os que abordam a própria arte de escrever poesia. (Lucia Welt)
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