“...a Verdade é a Beleza, a Beleza é a Verdade,
isto é tudo o que há para saber.”
(John Keats, em Ode a uma urna grega)
Olhar a vida, o mundo e o de dentro
É a prerrogativa do poeta
Mas simultaneamente, como esteta,
Pois que a Beleza está no centro
De tudo, pois que ela é a Verdade,
Como escreveu Keats no poema
Da urna grega, que logo virou lema
E responde à pergunta sem idade
Que Pilatos teria formulado
Num momento ao Cristo aprisionado,
Deixando-nos, a muitos, sem ação
Pois o Mestre calou-se sabiamente
E legou aos poetas a missão
De reconstruí-la lentamente...
(sem data)
Nota
Vale lembrar aqui a confirmação desse conceito metafísico da Verdade, que Alma adotava, nas palavras célebres de outro grande poeta-filósofo, mas do Romantismo Alemão, Novalis:
"A Poesia é o autêntico real absoluto. Quanto mais poético, mais verdadeiro".
Este blog é reservado àquela parcela dos sonetos de Alma Welt que contém suas indagações (e também suas certezas) sobre a Vida, a Morte e o mistério do existir.
A Morte
segunda-feira, 30 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
Soneto e ruptura (Alma Welt)
Lançar um soneto no papel
É como “deitar sortes à ventura”*
Na expressão antiga do cordel
Que incorre numa certa ruptura.
Sim, pois que há o antes e o após
Do soneto último e durável
Por fração do gozo e do inefável
Desfrute produzido assim a sós.
Serei eu o que fui antes do verso
Que me transfigurou o pensamento
Fechando ciclo agora controverso?
Lançada em novo impulso para o mundo
Sou doravante o fruto do momento
Que ofertou não sua face, mas o fundo...
(sem data)
Nota
Neste soneto (recém-encontrado na arca da Alma) de implicação metafísica, Alma expressa a modificação (ou renovação) que o poeta sente durante e mesmo após a criação de um novo poema. Ela quer dizer que o momento da criação não pode ser avaliado em sua superfíicie, e que a Poesia revela esse "momento" (a instantaneidade do presente) em sua profundidade iniciática que só os poetas inspirados costumam perceber.
"...deitam sortes à ventura"- Essa expressão lusa arcaica, que pode ser entendida como um jogo qualquer de tirar a sorte para escolher alguém, é citada do poema narrativo português, precursor do cordel brasileiro, "Romance da Nau Catarineta", que no Sul ganhou melodia e era cantado no "fandango" até o final do século XIX.
(Lucia Welt)
É como “deitar sortes à ventura”*
Na expressão antiga do cordel
Que incorre numa certa ruptura.
Sim, pois que há o antes e o após
Do soneto último e durável
Por fração do gozo e do inefável
Desfrute produzido assim a sós.
Serei eu o que fui antes do verso
Que me transfigurou o pensamento
Fechando ciclo agora controverso?
Lançada em novo impulso para o mundo
Sou doravante o fruto do momento
Que ofertou não sua face, mas o fundo...
(sem data)
Nota
Neste soneto (recém-encontrado na arca da Alma) de implicação metafísica, Alma expressa a modificação (ou renovação) que o poeta sente durante e mesmo após a criação de um novo poema. Ela quer dizer que o momento da criação não pode ser avaliado em sua superfíicie, e que a Poesia revela esse "momento" (a instantaneidade do presente) em sua profundidade iniciática que só os poetas inspirados costumam perceber.
"...deitam sortes à ventura"- Essa expressão lusa arcaica, que pode ser entendida como um jogo qualquer de tirar a sorte para escolher alguém, é citada do poema narrativo português, precursor do cordel brasileiro, "Romance da Nau Catarineta", que no Sul ganhou melodia e era cantado no "fandango" até o final do século XIX.
(Lucia Welt)
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