Hoje olhei no espelho e vi meu ser,
Quero dizer, a face minha oculta,
Aquela que costuma se esconder
E que não pertence à vida culta:
O ser primevo, o mito primitivo,
Eco primal do grito, não vagido,
Que o homem lançou e foi ouvido
Pela Natura num recuo intuitivo.
Eis o animal de Deus marcado
C’o sinal de distinção no fundo olhar,
Na fronte ereta onde repousa o fado!
E ao mirar assim meus belos olhos
Na profunda superfície dos abrolhos,
Tive medo de mim como de um mar...
(sem data)
Este blog é reservado àquela parcela dos sonetos de Alma Welt que contém suas indagações (e também suas certezas) sobre a Vida, a Morte e o mistério do existir.
A Morte
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Não cantarei de amor... (de Alma Welt)
Não cantarei de amor mais do que o faço
Ao contar a saga do meu ego
E as estrepolias com que traço
Meu rumo e o sonho a que me entrego
Ao simplesmente viver a minha vida
Com toda a intensidade da alegria
E a louca intimidade compartida
Com tantos (que jamais me encolheria).
Assim, cantando-me a mim mesma,
Ouvi alhures: “Ah! Ególatra sublime...”
Como se isso fora um abantesma...
Até (pasmem!) compreender que ao fazê-lo
Meus versos pertenciam a certo time
Que tem em Wordsworth seu modelo...
06/02/2004
Ao contar a saga do meu ego
E as estrepolias com que traço
Meu rumo e o sonho a que me entrego
Ao simplesmente viver a minha vida
Com toda a intensidade da alegria
E a louca intimidade compartida
Com tantos (que jamais me encolheria).
Assim, cantando-me a mim mesma,
Ouvi alhures: “Ah! Ególatra sublime...”
Como se isso fora um abantesma...
Até (pasmem!) compreender que ao fazê-lo
Meus versos pertenciam a certo time
Que tem em Wordsworth seu modelo...
06/02/2004
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Odisseu (de Alma Welt)
"Somos para a Morte", disse alguém,
E desde então eu me pus a meditar,
Coisa inusitada para quem
Todas as dádivas vieram se somar.
A beleza é vã, efêmera, fugaz,
Diz Matilde, o que a Mutti já dizia,
E eu desconfio que apesar de pertinaz,
Tal pensamento deriva da apatia.
Ah! Odisseu, meu grego predileto,
Que disseste (e por isso foste honrado)
O quê é o homem? Cabal, doido completo
Que se acaba com um simples resfriado
E que no entanto, aqui como em Elêusis,
É capaz de afrontar os próprios deuses!
09/07/2006
E desde então eu me pus a meditar,
Coisa inusitada para quem
Todas as dádivas vieram se somar.
A beleza é vã, efêmera, fugaz,
Diz Matilde, o que a Mutti já dizia,
E eu desconfio que apesar de pertinaz,
Tal pensamento deriva da apatia.
Ah! Odisseu, meu grego predileto,
Que disseste (e por isso foste honrado)
O quê é o homem? Cabal, doido completo
Que se acaba com um simples resfriado
E que no entanto, aqui como em Elêusis,
É capaz de afrontar os próprios deuses!
09/07/2006
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