O que poucos viajantes nos contaram
Da Morte não merecem o neles crer,
E foram muito raros os que voltaram:
Orfeu, Hercules, Dante, e o armênio Er.
E talvez uns poucos mais discretos
Que preferiram na volta se calar
Pois os lances e ritos mais secretos
Não quiseram certamente alardear.
Cristo foi um deles: por seguro
Não deixou que o tocasse a Madalena
Alegando ainda não estar puro...
Só sei que o mal dito em forma plena
Só nos aumenta o medo desse escuro
E ao Nada novamente nos condena.
Este blog é reservado àquela parcela dos sonetos de Alma Welt que contém suas indagações (e também suas certezas) sobre a Vida, a Morte e o mistério do existir.
A Morte
domingo, 27 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Quando cessam as palavras (de Alma Welt)
Tendo vivido pela força da palavra
Só temo o tal momento de afazia
Final, quando a mente a língua trava
Pois nada mais restou para a Poesia,
Quando não mais se tem o que dizer
E tudo se resume num suspiro
Ou numa dor tão grande de morrer
E deixar o mundo em seu respiro,
Que afinal era tão belo como era
Com as mágoas e a feiúra sem sentido
Pois nele havia infância ou houvera.
E numa espécie muda de “aqui vamos”,
Talvez como um sonho indefinido
Alcançamos a paz que não sonhamos.
(sem data)
Só temo o tal momento de afazia
Final, quando a mente a língua trava
Pois nada mais restou para a Poesia,
Quando não mais se tem o que dizer
E tudo se resume num suspiro
Ou numa dor tão grande de morrer
E deixar o mundo em seu respiro,
Que afinal era tão belo como era
Com as mágoas e a feiúra sem sentido
Pois nele havia infância ou houvera.
E numa espécie muda de “aqui vamos”,
Talvez como um sonho indefinido
Alcançamos a paz que não sonhamos.
(sem data)
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
As horas voam (de Alma Welt)
As horas voam, é o que elas fazem,
Ou então cavalgam os cometas,
Não param, e no tempo se desfazem
Não antes de pedir que não te metas.
São senhoras sérias e apressadas
Talvez por serem filhas de um atleta,
O Tempo de larguíssimas passadas
Só tem tempo para a sua predileta,
A temporã, que te vê e se emociona,
A única que ainda se debruça
E ouve teus lamentos de chorona.
E então vês que a vida é fictícia
E já não tens teu ursinho de pelúcia,
Não tens mais as horas de delícia...
09/12/2006
Ou então cavalgam os cometas,
Não param, e no tempo se desfazem
Não antes de pedir que não te metas.
São senhoras sérias e apressadas
Talvez por serem filhas de um atleta,
O Tempo de larguíssimas passadas
Só tem tempo para a sua predileta,
A temporã, que te vê e se emociona,
A única que ainda se debruça
E ouve teus lamentos de chorona.
E então vês que a vida é fictícia
E já não tens teu ursinho de pelúcia,
Não tens mais as horas de delícia...
09/12/2006
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O rio ( de Alma Welt)
Atirados na corrente sempre fomos
Em que nos debatemos e bradamos;
O rio em que nascendo mergulhamos
Ainda é o mesmo desde Cronos,
E não como o Heráclito dizia
Que nunca é o mesmo para nós;
O Tempo para o homem não sorria
Na aurora e tampouco logo após,
E ínclito, impávido, inclemente
Como rio real, e não da mente,
Passa sem levar-nos em questão,
Pois o que é uma folha que navega
Ou um pequeno galho que se entrega
Se levados vamos todos de roldão?...
08/07/2006
Em que nos debatemos e bradamos;
O rio em que nascendo mergulhamos
Ainda é o mesmo desde Cronos,
E não como o Heráclito dizia
Que nunca é o mesmo para nós;
O Tempo para o homem não sorria
Na aurora e tampouco logo após,
E ínclito, impávido, inclemente
Como rio real, e não da mente,
Passa sem levar-nos em questão,
Pois o que é uma folha que navega
Ou um pequeno galho que se entrega
Se levados vamos todos de roldão?...
08/07/2006
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
La vida es sueño (de Alma Welt)
Penso logo existo, diz Descartes,
E eu de mim começo a duvidar.
Serei eu uma alma a me pensar
Ou o fruto final da minha arte?
Se olho para trás minha bagagem
Constato que ela é bem mais real,
Em peso, densidade e coragem,
Do que esta pele branca de areal.
Somos sonho de um deus desconhecido,
Não sabemos o seu nome para orar
E tememos mais ainda o acordar...
Pois no despertar tudo é perdido,
E dói, ah! como dói ver desfiar
Um sonho noutro sonho entretecido...
(sem data)
E eu de mim começo a duvidar.
Serei eu uma alma a me pensar
Ou o fruto final da minha arte?
Se olho para trás minha bagagem
Constato que ela é bem mais real,
Em peso, densidade e coragem,
Do que esta pele branca de areal.
Somos sonho de um deus desconhecido,
Não sabemos o seu nome para orar
E tememos mais ainda o acordar...
Pois no despertar tudo é perdido,
E dói, ah! como dói ver desfiar
Um sonho noutro sonho entretecido...
(sem data)
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A Pergunta (de Alma Welt)
Saberei morrer, chegada a hora?
Eis a pergunta que nunca quer calar.
Somos para morte aqui e agora,
Nunca prontos e sempre a adiar.
Não estou muito certa de que a vida
Seja mesmo um projeto que deu certo
Uma vez que é menos bela que sofrida
E o final se passa sempre no deserto.
Ou então, triste, solitária e dolorida
É a nossa chegada àquele porto
Onde não há festa e sim um morto,
Que somos nós, esticados, macilentos,
Expostos como nunca nem em vida
Num falso carnaval de gestos lentos.
(sem data)
Eis a pergunta que nunca quer calar.
Somos para morte aqui e agora,
Nunca prontos e sempre a adiar.
Não estou muito certa de que a vida
Seja mesmo um projeto que deu certo
Uma vez que é menos bela que sofrida
E o final se passa sempre no deserto.
Ou então, triste, solitária e dolorida
É a nossa chegada àquele porto
Onde não há festa e sim um morto,
Que somos nós, esticados, macilentos,
Expostos como nunca nem em vida
Num falso carnaval de gestos lentos.
(sem data)
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