Penso logo existo, diz Descartes,
E eu de mim começo a duvidar.
Serei eu uma alma a me pensar
Ou o fruto final da minha arte?
Se olho para trás minha bagagem
Constato que ela é bem mais real,
Em peso, densidade e coragem,
Do que esta pele branca de areal.
Somos sonho de um deus desconhecido,
Não sabemos o seu nome para orar
E tememos mais ainda o acordar...
Pois no despertar tudo é perdido,
E dói, ah! como dói ver desfiar
Um sonho noutro sonho entretecido...
(sem data)
Nenhum comentário:
Postar um comentário