(209)
Tem dias em que vejo claramente
O quanto necessito de alegria.
Estou só, sou bela mas carente,
E o mundo já disso desconfia.
Não há soluções para o viver
E a tragédia me espera, universal.
Quero viver, gritar pra não morrer,
O que posso escolher como um final?
De tanto acreditar que estava quite
Com o amor, sonhando o dia-a-dia,
Perdi a fé e noção do meu limite.
E por tecer grinalda em minha mente
Ao registrar o olhar pela poesia,
Tornei-me Ofélia de um cantar demente...
17/01/2007
Nota da editora:
Um soneto como esse, que acabo de encontrar no "caderno secreto" da Alma, se o tivesse descoberto a mais tempo me teria induzido a acreditar no suicídio da minha irmã cuja morte ocorreu dois dias depois de tê-lo escrito. Mas como foi recentemente solucionado de maneira nada consoladora o enígma de sua morte, tendo sido comprovado o seu assassinato, posso somente atribuir a um momento de desencanto existencial ou à angústia premonitiva de minha irmã, pois ela pressentia sua morte eminente e trágica, como seus últimos sonetos o sugerem. (Lúcia Welt)
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