A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Metafísica, ou O vôo do mosquito (de Alma Welt)

Às três ou quatro conhecidas dimensões
Que podemos constatar ou só inferir,
Se juntará a mais sutil das ilações,
Que é a nossa dimensão de Existir.

Entretanto dela não sabemos nada,
Nem o sentido, quanto mais definição.
Todavia persistimos na jornada
Como se isso fosse mesmo conclusão.

Mas o simples mistério da Existência
Descortina para nós o Infinito
Que por certo disso tudo é a essência.

Mas o que é a Essência não sabemos,
Pois ainda nem sabemos do que vemos
Além do simples vôo de um mosquito.

(sem data)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A pedra e a rosa (de Alma Welt)

O ser humano tem a ânsia da fusão,
Do misturar-se ao outro docemente
Pra estar além da inata solidão
Em que o corpo é cárcere da mente.

Mas quantos vãos rodeios sedutores
A alma pra se unir deve fazer,
Tão próxima do outro, seus pendores,
E tendência a tão só permanecer

E de restar no meio do caminho
Por medo do silêncio que ali medra
Depois de todo o imenso burburinho.

Pois a procura é antiga e duvidosa
Como a filosofal e rara pedra
Que cria ouro, em vez de pura rosa...

19/01/2005

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A canção do bem-te-vi (de Alma Welt)

A canção do bem-te-vi está nos genes
E a maneira de um vestir o paletó
Assim como outras coisas mais perenes
É sempre algo que retornará do pó.

Nisto consiste da memória o tal milagre
Que morando nas pequeninas células
Faz que um gesto ou canto se consagre,
Mal-me-quer a renovar as suas pétalas...

Assim, o amor também já vem de longe
E tudo é reencontro ou só memória,
Ninguém foge da sina, nem o monge.

E se o barquinho persiste na procela
Eis nosso afinal consolo e glória:
Temos mesmo do divino uma parcela!

14//08/2007