A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Soneto do Fim e do Medo (de Alma Welt)

Quando chegar o fim, que sei e espero,
Não me assalte o desamparo e medo,
Mas seja grande encontro com o vero
Que deixa o moribundo mudo e quedo.

Tenho medo do medo, é o que tenho.
O desespero é a grande ameaça,
Que na hora do fogo sob o lenho
Até santo bendizer faz à fumaça.

O Medo e a Dor são quase unos,
Nascidos com minutos de distância
Entre os seus partos importunos.

E esses gêmeos tristes e inquietos
Convivem com a Vida e sua ânsia
De alegria sob o céu e sob os tetos...

08/01/2007

domingo, 12 de junho de 2011

A Assombrada (de Alma Welt)

Alma viva assombrada pela morte,
Com ela tive grande intimidade
Que mudou-me o tom da realidade
E fez a minha vida bem mais forte.

Alto preço a pagar pela Poesia,
Acordar na alta noite em pleno frio
A apertar o peito em agonia
De onde brotam versos como um rio...

Ou então correr para o espelho
Para reintegrar-me em minha imagem
Que quer dissolver-se no vermelho

Do sangue desta vida, ou cabeleira
Que coroa a forma branca de miragem
Que anseia já perder-se na poeira...