A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sonetos como um pássaro (de Alma Welt)

Sonetos como um pássaro (de Alma Welt)

Criar sonetos como um pássaro
Que canta por cantar e abrir o bico
Ou porque tendo já descido ao tártaro
Subiste e sem culpa nem um tico.

E então ao leitor lembrar Camões
Sem poderem dizer que o imitas
Pela forma pouco lusa que compões
Ou pelos dois olhos com que fitas

A tua realidade que é só tua
Sendo outrossim de toda gente
Que persegue a palavra que flutua

Ao léu, por aí, no espelho astral
Onde o mundo então seja diferente
Mas nunca invertidos bem e mal...

(sem data)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Cosmogonia (de Alma Welt)

A força e lei maior que tudo une
É a da Gravitação Universal.
Ela é Deus e o Amor que nos reúne
E também cria o habitat natural

Onde prosseguimos procurando
O que está em nós, o mesmo Amor,
Que ao buscar fora de nós criamos dor
Que também vai se aglutinando

Num anti-universo que é o Horror
Que gera anti-matéria, que é o Mal,
Se insistirmos em juízo de valor.

Mas para entender esse imbróglio,
Caminhando sob o grande Festival,
Minhas estrelas simplesmente olho...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Titã (de Alma Welt)

Creio o homem ser maravilhoso
Em seu funcionamento tão complexo.
Nem me refiro só ao amor e o sexo
Mas ao nosso cérebro espantoso.

Não me venha então com a coisa vã
De visões negativas, derrisórias;
O homem em si mesmo é um Titã,
Só civilizações são provisórias.

Afinal somos feitos das estrelas,
A ciência o provou e é verdade,
E até nos caberá também fazê-las.

E me espanta que o Bardo já sabia
Quando o colocou na Tempestade,
Como no próprio cerne da Poesia...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Veronica’s Veil (de Alma Welt)

Plasmar-me vero ícone em poesia
Foi pra mim verdade e confissão,
Pois jamais em falsidade conseguia
Resistir ao linguajar do coração.

Não há como mentir ou falsear
Tua verdadeira face ao mundo
Se tiveres alma e palma que rimar
E chegar do coração ao poço fundo.

Pois se fores falso nem atinges
O que se denomina de poema,
O lenço que com más tinturas tinges...

Quais cabelos as raízes mostrarão
A cor de uma velhice que se tema:
As mais feias rugas de expressão...

(sem data)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Balanço dos sonetos (de Alma Welt)

Só sei que em vão na vida não passei,
Deixando a minha alma por aí...
Que em milhares de sonetos registrei
Cada forte ou vão momento que vivi.

Pensando bem, não foram vãos momentos,
E não por serem fortes de lembrar
Mas pelo aval do olhar, não sentimentos,
Que estes mesmos só costumam enganar.

Sentimentos jamais, não, nem pensar!
Os bons versos não são sentimentos,
Mas deverei pagar a conta de rimar,

Já que esse entre os vícios de poeta
Deu aos meus versos ao menos linha reta
Antes de se dispersarem pelos ventos...

(sem data)