A Morte

A Morte
óleo s/tela de Guilherme de Faria 1967

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cada homem é uma Ilha, ou Os sonhos da Razão (de Alma Welt)

Poderemos conhecer um ser humano?
Nossas mentes poderão sintonizar
E as palavras e os sentidos conformar
Sem incorrer no velho ledo engano?

Cada um de nós é só uma ilha
Perdida na imensidão do pélago,
Ou então com espaços de uma milha
Formamos infinito arquipélago.

Os continentes?... são inflados egos,
Contrariando a proposta do poeta
Que estava a escrever para uma neta

Ou para alunos jovens bem bisonhos
E tratava de mantê-los todos cegos,
Que da Razão os sonhos são medonhos...

(sem data)

Nota
Como alguns leitores já perceberam, minha irmã, a grande Poetisa Alma Welt, não tinha compromisso com pensamentos bem comportados, ou com o politicamente correto. Nada de pontificantes sentenças morais e caminhos a seguir. Ela tinha o elevado pessimismo dos verdadeiros idealistas. Seu questionamento do ser e do sentido insondável da vida, era rebelde e só não desesperado por conta de seu gosto inabalável pela beleza trágica da vida. Neste soneto ela faz uma paráfase antitética dos versos de John Donne: " Nenhum homem é uma ilha"..... "todos somos parte do continente". E uma alusão ao dístico de uma gravura de Goya : "El sueño de la Razón produces monstruos".
(Lucia Welt)

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